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quinta-feira, 4 de abril de 2013

A fraternidade e a dengue


Milton Nascimento já dizia em uma música (Olha): “Tu clamas por liberdade, mas só aquela que te convém”. Não é um bom convite à reflexão?

O que temos feito de nossa relativa liberdade e como temos lidado com os recursos que nos são oferecidos pelas sociedades e pela Terra? E, para piorar um pouco o apelo às nossas consciências, reconhecemos os reais impactos de nossas atitudes e escolhas sobre o meio ambiente, sobre a vida das pessoas que nos cercam ou sobre nossas próprias vidas?
As ciências estão cheias de respostas para todas as nossas necessidades e problemas gerados por elas. Também tentam explicar as causas dos males que nos afligem, claro que sempre recorrendo a milionários fundos de pesquisa para isso.

Porém, no próprio meio científico, por exemplo, há quem questione a veracidade da teoria do “Aquecimento Global Antropogênico”, que, em outras palavras, significa o aquecimento do planeta pela ação do homem e as consequências disso para o meio ambiente.

Somente o tema Aquecimento Global consumirá muito dinheiro em pesquisas ao longo de muitos anos e ainda seremos bombardeados por muito tempo com todo tipo de propaganda, que vai de bancos a fábricas de baterias, nos dizendo que a culpa é nossa e nos oferecendo produtos ecologicamente responsáveis.

Independentemente do Aquecimento Global ser real ou não, o fato é que como no antigo Egito, nosso país é atingido, periodicamente, por diversas “pragas”. 
 
E por falar em pragas, para efeito de ilustração, as dez pragas do Egito foram pragas que, segundo a tradição judaico-cristã, narrada no livro de Êxodo da Bíblia, Deus enviou pelas mãos de Moisés sobre o Faraó do Egito e seu povo.

As dez pragas descritas na Bíblia foram: águas transformadas em sangue, a invasão de rãs, a invasão de piolhos, a invasão de moscas, peste nos animais, sarna que rebentava em úlceras, saraiva com fogo, invasão de gafanhotos, trevas e a morte dos primogênitos.

Modernamente, podemos enumerar algumas das “pragas” que pela ação direta do homem impõem sofrimento às pessoas: as mortes no trânsito, a enorme geração de lixo, a violência, o desrespeito às normas básicas de convivência, a corrupção, a fome, as doenças como a dengue etc.

Não podemos mais acusar a falta de informação como o fator para o acontecimento de tais catástrofes cotidianas. Muito provavelmente, a falta do entendimento e da vivência da ideia de fraternidade é a principal geradora dos males atuais.

A ideia de fraternidade, expressa no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, considera que o homem, como ser político, faz uma escolha consciente pela vida em sociedade e estabelece com os outros uma relação de igualdade e respeito. É um conceito vital para o estabelecimento da cidadania. 
 
É evidente que, independente dos rumos do clima ou outro processo global, o que mais nos incomoda e causa os mais diversos transtornos tem relação direta com o que acontece localmente, nas comunidades, ou seja, na relação com o nosso próximo.

Quem age embalado pelo ideal de fraternidade nunca utilizará seu carro como arma, ameaçando os pedestres e os outros motoristas; sempre refletirá sobre seus hábitos de consumo, independente de modismos; não joga lixo nas ruas, preservando a paisagem urbana; não incomoda os outros com som alto, colaborando para uma cidade mais agradável; valoriza a escola pública, fazendo dela uma extensão de sua casa e sempre, sempre, observa os cuidados para a prevenção e combate à dengue, a praga que voltou com toda força às nossas cidades.

Às vezes, em um mundo tão apressado e agressivo, fazer a coisa certa parece difícil ou não valer a pena. Felizmente, vale a pena sim. A recompensa é uma vida mais feliz para você e para todos em volta.

Diante de tudo isso, a grande questão é: nós sempre temos escolha, e as coisas podem ser diferentes! E por falar em escolhas, vamos ao trabalho! Informação não nos falta.

2014 é agora

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Muitos aguardam com ansiedade a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 2014. Mas, você sabia que esta não é a primeira Copa no Brasil?

A última Copa no Brasil foi em 1950 e mobilizou enormemente a sociedade e o governo deixando várias obras e dívidas como herança para o país. O famoso Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, foi construído especialmente para o evento.

Atualmente, todos podemos sentir na pele os impactos das obras que, realizadas ao mesmo tempo, preparam Belo Horizonte para receber jogos da Copa em 2014.

Diversas avenidas estão sendo alargadas, viadutos e hotéis estão sendo construídos, estádios estão sendo reformados, está sendo construído um sistema de transporte rápido por ônibus (BRT) e diversos espaços da cidade estão sendo repensados para acolher os turistas que virão assistir aos jogos. Paralelamente às obras, profissionais de diversos setores estão “reforçando” a sua língua estrangeira.

E você, onde entra nisso tudo?
Já parou para pensar que a cidade onde você mora está sendo transformada bem debaixo dos seus olhos? Apesar de não termos tido oportunidade de opinar sobre a realização da Copa no Brasil, é um momento muito interessante para a cidade.

Porém, sobre as obras para a Copa, podemos fazer algumas perguntas incômodas: Será que todas as obras viárias e todas as melhorias na infraestrutura de BH, exceto a reforma de estádios, já não eram necessidades da população há muito tempo? Os cidadãos não merecem um transporte público de qualidade e uma cidade acolhedora? O que nos leva a acreditar que todas as melhorias devem acontecer apenas para a Copa?

O pior é que já estamos nos acostumando com o discurso “copamundesco” da mídia e das autoridades de todos os níveis de governo:

_ A avenida estará pronta para a Copa;
_ O policiamento será reforçado para a Copa;
_ O transporte público será melhorado para a Copa;
_ etc.

Será que, terminada a Copa, o policiamento e o transporte público serão diminuídos e as avenidas serão retiradas do lugar?

Mesmo com os investimentos ficando na cidade, devemos lembrar que todos os preparativos estão movimentando muito dinheiro público, segundo a orientação de uma entidade privada que coordena o evento com fins lucrativos (Copa do Mundo de Futebol).

Tal entidade ousa até interferir no ordenamento legal dos países que sediam a Copa buscando a obtenção de lucro. Temos diversos exemplos de conquistas sociais da população sendo negociadas no Congresso Nacional e criando um perigoso regime de exceção.


Não ouso questionar a desenfreada (mesmo que manipulada) paixão dos brasileiros pelo futebol. Porém, é importante que questionemos a realidade que nos cerca e como nossos corações são inflamados ao prazer (sempre econômico) dos senhores do jogo.

Lembremos que ao final do “pão e circo” todos voltamos para nossas realidades que adoramos maldizer na fila do supermercado.

Para finalizar, duas últimas perguntas:

  • Será que estamos todos jogando no mesmo time e que a taça será levantada por todos?
  • Alguém sabe da construção de alguma nova biblioteca ou centro cultura nos últimos meses?